28/10/2018

Emoções de um domingo eleitoral

Por Mariana Nassif

A gente não sabe o que vai acontecer, e uma dúvida desse tamanho faz tempo que não aparece na vida dessa minha geração, a de pessoas que completaram dezoito anos com o direito de votar. Pensa nisso: tenho quase quarenta anos e por mais que a política tenha sido assunto em casa, muito provavelmente por conta dos meus familiares jornalistas e politizados, não houve nenhuma outro momento onde tenha presenciado o questionamento do direito de escolher quem vai governar. Sério, nem no golpe a sensação foi tão ansiolítica, mesmo que não houvesse dúvida de que começaria ali, naquele acordo com o Supremo, com tudo, uma das sagas mais árduas da vida de cada uma das pessoas deste País.

Porque o golpe não foi político. Ele foi pessoal. Pessoal contra as minorias: os negros, os quilombolas, os indígenas, os pobres. Contra as mulheres, os gays e as pessoas que se abriram para receber toda essa gente que existe e, até pouco tempo atrás, era e se sentia invisível. Você já se sentiu invisível em algum momento da vida, qualquer que seja, mesmo que não tenha comparação com a invisibilidade tratada aqui? Pois é, dói. Então não me vem dizer que o golpe foi uma artimanha política, não: ele cutucou a ferida dessa gente toda e, acredite, tem gente que se importa com cada um deles.

Estas eleições têm sido um marco pra mim. Particularmente retornando à vida real após o nascimento pro Orixá, uma baita viagem dentro de uma religião que é também minoritária, me pego emocionada com os movimentos coletivos que encontrei aqui fora. Minhas primas e grandes amigas engajadas em conversar, em explanar, em informar e, então, para que estes dados chegassem em um maior número de pessoas, se articularam e se transformaram. Sentadas na rua, munidas de propostas e amor, trocaram idéias e enfrentaram a violência que estava sempre ali, em pelo menos alguns olhares dos opositores ainda não armados. É a tradução do e se der medo, vai com medo mesmo.

Observo meu microcosmo, mas acredito que do primeiro turno pra cá todos aprendemos lições importantes, especialmente a de não perder tempo: ouvi de uma fonte relevante que se tivesse mais uma semana, o amor vencia. Sete dias. Acho que aprendemos, especialmente, que política não se faz única e exclusivamente durante as eleições. Que a gente precisa falar sobre proposta, sobre posicionamento, sobre realização efetiva com todo mundo, inclusive entre a gente, porque de repente a gente também se sente votando em bando, só porque aquilo parece ser a melhor opção. E olha só onde isso está nos levando.

Escrevo da noite do sábado, ansiosa, respiração curta e pensamento longe, com medo como há tempos não sentia. Vontade de abraçar pessoas, de enaltecer o quanto são importantes na minha vida, lidando com humor com algumas saudades. " Te vejo na fila da fogueira", é a forma de me despedir pro caso do amor ficar em segundo lugar. Humor. Amor. Que a gente tenha uma noção básica para a segunda-feira após o resultado, seja ele qual for: cuidemos dos nossos. Estejamos próximos, de corpo e alma, e não deixemos de amar.

Postado em 28/10/2018 às 09:00 - Fonte: GGN

27/10/2018

Bolsonaro é o pior que nos pode acontecer

Por Congresso Em Foco

O momento pede coragem, e coragem é coisa que jamais nos faltou.

Este site, no ar há quase 15 anos, jamais se manifestou contra ou a favor de candidatos em nenhuma das sete eleições que acompanhamos nesse período. A razão de ser deste texto é selar este momento, absolutamente inaugural, em que tornamos públicas nossas expressas e assumidas restrições à candidatura de Jair Bolsonaro a presidente da República.

Se fosse aplicado a Bolsonaro o rigor no cumprimento das leis que ele exige contra os seus adversários e se o sistema judicial brasileiro funcionasse com critérios ideais de eficiência e justiça, acreditamos que o capitão estaria hoje na cadeia, por seus atos e por suas palavras.

Bolsonaro já fez, reiteradas vezes, apologia à tortura, ao estupro e à violência. Defendeu o assassinato de oponentes, sempre tratados como desprezíveis inimigos.

Tem longo passivo de declarações que podem sugerir crimes de preconceito e de racismo. Contra mulheres, negros, indígenas, quilombolas, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, pessoas obesas, baianos... a lista é tão longa que este parágrafo será curto para descrevê-la integralmente.

Jair Bolsonaro conquistou visibilidade pública pela primeira vez em 1987, ao liderar movimento para melhorar a remuneração das Forças Armadas. Capitão do Exército então na ativa, foi acusado pela revista Veja de planejar a explosão de bombas em quartéis para protestar contra os baixos soldos. Respondeu a processo disciplinar e foi condenado por um Conselho de Justificação, formado por três coronéis. Posteriormente, o Superior Tribunal Militar (STM) o absolveu.

Político desde 1989, quando se tornou vereador no Rio, está no sétimo mandato de deputado federal. Em Brasília há 27 anos, mudou de partido oito vezes e aprovou individualmente apenas uma lei. Nunca presidiu comissões, nem liderou bancada, ou relatou propostas de destaque.

Um fracasso retumbante como legislador, Bolsonaro saiu-se pior ainda como orador. “Sou a favor, sim, a uma ditadura, a um regime de exceção”, disse em 1999 no plenário da Câmara. "Jamais ia estuprar você porque você não merece", declarou para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), em 2003. "Ele deveria comer capim ali fora para manter as suas origens”, disparou em 2008 contra um indígena. "Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma", sugeriu em 2011.

Ao votar pelo impeachment de Dilma, em abril de 2016, homenageou o militar acusado de torturá-la: "Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. Várias vezes Bolsonaro se declarou a favor de torturar presos e tratou Ustra, primeiro militar brasileiro condenado por tortura, como herói. Mais recentemente, disse que o erro da ditadura foi torturar e não matar “uns 30 mil”. Em 2014, numa entrevista ao jornal Zero Hora, havia considerado natural a mulher ganhar menos que o homem: “Sou um liberal. Se eu quero empregar na minha empresa você ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego!”.

Contrariando a fama de quem sempre se apresentou como a mais insuspeita das criaturas a habitar o poluído mar da política nacional, Jair Messias Bolsonaro foi acusado por sua segunda esposa (está casado com a terceira), em ação protocolada em 2007 na 1ª Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de ter cometido vários graves ilícitos. Entre eles, possuir patrimônio pessoal muito superior ao informado à Justiça eleitoral; não declarar à Receita a maior parte dos seus rendimentos reais; e de ter furtado um cofre numa agência do Banco do Brasil onde a ex-mulher mantinha valores significativos. Ana Cristina Siqueira Valle o acusaria depois de ameaçá-la de morte, mas posteriormente retirou todas as acusações. “Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá”, afirmou à revista Veja durante a campanha eleitoral de primeiro turno, na qual ela foi derrotada na tentativa de se eleger deputada federal pelo Rio usando o sobrenome Bolsonaro. Pode ter ficado tudo certo entre ex-marido e ex-mulher, mas os fatos relatados deixam evidente que tanto o capitão quanto a Polícia Civil fluminense – incompetente para investigar e dar seguimento às denúncias – têm muitas contas a acertar com a história.

Deputado, teve uma chance ímpar de demonstrar na prática a dor que alega sentir em relação às vítimas da violência. Foi em 7 de abril de 1999, quando a Câmara aprovou a cassação de Talvane Albuquerque, condenado por encomendar a morte da deputada eleita Ceci Cunha, da qual era suplente. Para herdar a vaga, Talvane mandou matar Ceci, o marido dela e mais duas pessoas da família. Uma chacina, portanto. Bolsonaro foi um dos 29 parlamentares que votaram contra a cassação. "Fico com a minha consciência pesarosa de votar pela cassação desse parlamentar, porque amanhã qualquer um de nós pode estar no lugar dele”, justificou-se.

Impossível negar a Bolsonaro o mérito de ter identificado problemas reais que inquietam a nação, como a violência, a corrupção, os inúmeros erros do PT e a decadência do sistema político. Ele e seus filhos (um deles, Eduardo, eleito por São Paulo o deputado federal mais votado do país; outro, Flávio, senador pelo Rio) também entenderam e souberam explorar com eficiência, para comunicação direta com a população, as revolucionárias ferramentas trazidas pela era digital. Bolsonaro não conquistou à toa o favoritismo com que chega à disputa contra Fernando Haddad neste domingo (28).

Mas, como candidato a presidente, Jair Bolsonaro exibiu o mesmo desapreço de sempre pelas leis, pela democracia e pelos adversários. Vítima de uma facada desferida por um desequilibrado mental, obteve solidariedade de todo o mundo político. Mostrou sua gratidão logo na primeira imagem, registrada quando ainda convalescia no hospital, fazendo o famoso gesto de convocação às armas com o polegar e o indicador. Depois, ainda no hospital, esboçou na cara dura uma tese das mais antidemocráticas. Afirmou que sua eventual derrota eleitoral comprovaria a existência de manipulação das urnas eletrônicas. Ou seja, se ele ganhar, está tudo bem; se perder, é porque foi fraude.

Quis proibir a divulgação dos votos que deu como parlamentar. Um dos mais vexatórios foi o único voto dado por um congressista contra a ampliação dos direitos dos empregados domésticos. O descabido pedido de censura, que revela o desejo de impedir a sociedade de ter acesso a informações de óbvio interesse público, foi negado pela Justiça eleitoral nesta semana. De modo geral, no entanto, o Judiciário demonstrou incapacidade para prevenir e punir as ilegalidades ocorridas nestas eleições. Como atesta a Organização dos Estados Americanos (OEA), a disseminação de mentiras neste pleito é um “fenômeno sem precedentes”. E quem é o seu maior beneficiário? Bolsonaro, e por larga margem, como indica levantamento do Congresso em Foco. Estranhamente, a Justiça pouco tem feito para coibir os abusos de um candidato de perfil notoriamente fascista, ao mesmo tempo em que autoriza a invasão de universidades para reprimir manifestações contra o fascismo.

Faz um bom tempo que identificamos e, de alguma maneira, passamos a acompanhar o crescimento do “mito”. Um exemplo foi o minucioso trabalho de apuração da repórter Ana Pompeu que resultou na reportagem de capa publicada em julho de 2017 pela Revista Congresso em Foco. Em 11 páginas, reconstituímos ali a trajetória de um “mito de pés de barro”.

Reafirmamos os valores democráticos deste veículo, contra a ameaça do bolsonarismo na entrega do Prêmio Congresso em Foco 2017, com o brado de “ditadura nunca mais”:

Lamentamos não ter sido capazes de mostrar para muitos dos nossos leitores os riscos representados por um eventual, e provável, governo Jair Bolsonaro. Vários desses leitores, temos consciência disso, contribuíram para engrossar a onda em favor do deputado capitão. Lógico que respeitamos as escolhas deles e de todos que divergem das ideias aqui apresentadas com franqueza. Sabemos que muitas pessoas sérias e de bem têm pleno conhecimento dos defeitos do candidato do PSL, mas estão sinceramente convencidas de que ele é a alternativa possível para evitar o “mal maior” – na visão delas, a vitória de Haddad (foto ao lado - Haddad em Salvador). Nunca ignoramos as mazelas das gestões petistas, que o Congresso em Foco sempre registrou, frequentemente à frente de outros veículos.

Com todos os seus problemas, contudo, o PT jamais trouxe ameaça real à democracia. Esta a questão central: impossível fazer jornalismo de verdade sem democracia, algo que Bolsonaro e vários de seus seguidores mais exaltados não cansam de afrontar. Com Bolsonaro, perdemos o jornalismo e a democracia. Falhamos, pela incapacidade de criar antídotos contra quem usou dos nossos mecanismos democráticos para conquistar a força que pode levar agora à destruição desses mesmos mecanismos.

Ganhe Bolsonaro ou Haddad, estaremos no mesmo lugar: empenhados, no limite das nossas possibilidades, em fazer jornalismo sério, crítico e plural. Um jornalismo voltado para a busca de informações confiáveis e sempre comprometido com valores democráticos. Por isso, ainda que tenhamos tardado a publicar este editorial, não podemos ver o país à beira de embarcar na escuridão autoritária sem gritar, com clareza, nossa voz: #EleNão.

Postado em 27/10/2018 às 21:29

26/10/2018

O capitão fugiu do combate

Por Bernardo  Mello FrancoColunista de política do GLOBO

Hoje à noite, o eleitor teria a última chance de comparar os candidatos à Presidência. Jair Bolsonaro e Fernando Haddad deveriam se enfrentar ao vivo na TV Globo. O duelo começaria às 22h, mas foi cancelado por motivos de fuga. O capitão fugiu do combate. Desertou.

No primeiro turno, Bolsonaro alegou razões médicas para não comparecer a debates. Tudo certo, porque ele sofreu uma facada e passou 23 dias no hospital. Agora que o atestado perdeu a validade, o deputado admite que ficará em casa por “estratégia”. “Quem conversa com poste é bêbado”, debochou, no Twitter.

O capitão acredita que o arrego vai prejudicar seu adversário. Pode ser, mas quem mais perde é o eleitor. A três dias das urnas, e o favorito para assumir o governo continua a esconder suas ideias. Nem seus aliados sabem dizer ao certo o que ele vai fazer se chegar lá.

Bolsonaro costuma se esquivar de perguntas objetivas com chavões que já viraram piada, como “Tem que mudar isso aí” e “Não dá pra continuar desse jeito”. A fórmula funciona na propaganda e nos comícios de Facebook. Quando ele pode ser contestado, é outra história.

Nas duas vezes em que aceitou debater, ainda no primeiro turno, o capitão teve desempenho abaixo da média. Na Band, ele pareceu sonolento, como se estivesse dopado. Na RedeTV!, levou um sermão desconcertante de Marina Silva, que o acusou de discriminar as mulheres e deseducar as crianças ao fazer apologia das armas.

A atitude de Bolsonaro produziu uma situação inédita. Desde 1989, o Brasil nunca havia atravessado um segundo turno sem debate presidencial. Collor, Lula, Serra, Alckmin, Dilma e Aécio aceitaram o contraditório e enfrentaram seus oponentes. Ele, não.

A recusa é um desrespeito ao eleitor, que tem o direito de saber o que pensam os candidatos. Também serve como um sinal de que, se eleito presidente, ele continuará a se esconder do escrutínio da imprensa.

Na campanha, Bolsonaro já exibiu desprezo pelo jornalismo profissional. Fez vista grossa aos seguidores que ofendem repórteres e ameaçou usar verba pública para retaliar veículos que o criticam. O que mais ele fará se chegar ao Planalto?

Postado em 26/10/2018 às 20:02 - Fonte O GLOBO

Chefe do Jornal da Record pede demissão e declara voto em Fernando Haddad

Em meio a informações de que a Rede Record tem pressionado seus jornalistas a fazerem reportagens positivas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), apoiado pelo bispo Edir Macedo, dono da emissora, a jornalista Luciana Barcellos pediu demissão de seu cargo de chefe de redação do Jornal da Record essa semana e, nesta sexta-feira 26, declarou seu voto em Fernando Haddad em uma postagem nas redes sociais.

No texto, ela não esclarece o motivo da saída, mas afirma que Haddad não foi sua opção no primeiro turno e que votar no candidato neste domingo "não é assinar cheque em branco para o PT, não é isentar o PT da responsabilidade de não ter feito a autocrítica. É defender o nosso direito de seguir em frente. E pra nós, jornalistas, votar no Haddad é também defender o direito de exercer livremente a profissão".

"Ninguém é racista ou homofóbico só da boca pra fora. Ninguém defende tortura só porque é "meio doido". Não existe fascismo "light"", critica ainda Luciana. Em outro post, do dia 20 de outubro, ela fala sobre o pedido de demissão, agradecendo aos colegas de trabalho. "A decisão de pedir desligamento não foi das mais fáceis. Mas a vida às vezes exige que a gente assuma riscos", escreve.

Nessa mesma data, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo denunciou pressões abusivas que os jornalistas da Record vêm sofrendo para privilegiar a candidatura de Bolsonaro. A entidade diz ter recebido "denúncias de vários jornalistas da Rede Record – televisão, rádio e portal de notícias R7" e "torna público, como exige seu dever de representação da categoria, o inconformismo desses profissionais com as pressões inaceitáveis e descabidas em uma empresa de comunicação".

Por Alderi Dantas, 26/10/2018 às 19:53

Ministério Público abre investigação contra economista de Bolsonaro

O Ministério Público Federal (MPF) abriu nesta quinta-feira (25), a quatro dias da eleição, uma investigação contra o economista do candidato Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes. A suspeita é que ele tenha obtido “benefícios econômicos” a partir de possíveis “crimes de gestão temerária ou fraudulenta” de investimentos derivados de fundos de pensão.

O MPF vai investigar se o economista aplicou dinheiro capitado por fundos de pensão de maneira irregular, deixando prejuízos milionários aos aposentados das estatais. As operações são relacionadas a cinco fundos de estatais que tiveram prejuízos após aplicarem dinheiro nos negócios geridos por Guedes, entre eles a Funcef, dos servidores da Caixa Econômica Federal, a Petros, dos servidores da Petrobrás e a Previ, dos servidores do Banco do Brasil.

Segundo a suspeita, a empresa de Guedes, que faz gestão de investimentos, teria cobrado comissões consideradas “abusivas”. Os procuradores consideram sem “qualquer sentido” a base de cálculo para definir a comissão, que renderam à empresa faturamento de R$ 152,9 milhões entre 2009 e 2014.

Essa não é a primeira investigação aberta contra o economista. O Ministério Público já investiga suspeitas de gestão temerária ou fraudulenta no BR Educacional, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) gerido por uma empresa de Guedes que captou recursos dos fundos estatais para investir no setor privado de educação.

Por Alderi Dantas, 26/10/2018 às 12:49

STF tenta intimar filho de Bolsonaro há 23 dias por ameaçar mulher

O Supremo tenta há 23 dias intimar o deputado federal reeleito do PSL, Eduardo Bolsonaro (foto: camisa vermelha)), filho do presidenciável Bolsonaro.

Um oficial de Justiça tem ido diariamente ao gabinete dele em Brasília, mas não consegue localizá-lo.

O deputado foi denunciado em abril pela Procuradoria-Geral da República por ameaçar uma jornalista com quem teria tido um relacionamento. Ele enviou várias mensagens pelo aplicativo Telegram à moça dizendo que ela “se arrependeria de ter nascido” e ele iria “acabar com a vida dela”. O relator no STF é Roberto Barroso.

Em abril, o deputado divulgou vídeo de 8 minutos desqualificando a jornalista, acusou-a de ser mitomaníaca e de inventar histórias envolvendo outras pessoas. O jornal O Estado de São Paulo, tentou contatar Eduardo Bolsonaro mas não recebeu retorno.

Segundo o Supremo, a chefe de gabinete de Eduardo disse que ele atenderia o oficial de justiça depois de 22 de outubro, mas até agora nada.

Eduardo Bolsonaro foi reeleito deputado federal, mas entrou no foco ao dizer que “basta um soldado e um cabo para fechar o STF”.

Por Alderi Dantas, 26/10/2018 às 12:37

Após queda nas pesquisas, Bolsonaro arregaça com aliados

Uma piora para Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas fez com que o candidato mudasse a estratégia. O candidato decidiu aparecer mais e cobrar foco de aliados que estão envolvidos em campanhas estaduais.

A decisão foi tomada depois que levantamento feito pelo Ibope, de terça-feira (23), mostrou que o candidato oscilou 2% para baixo em relação ao levantamento anterior, do dia 15.

Houve também piora na rejeição, que subiu 5% indo para 40%, enquanto Fernando Haddad (PT) teve melhora no indicador, diminuindo 6% na rejeição.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (25) também mostrou uma piora no desempenho de Bolsonaro, com perda de 3% dos votos válidos na comparação com o levantamento anterior do instituto. Já Haddad subiu 3% da pesquisa anterior.

Até a semana passada, a cúpula do PSL trabalhava com a ideia de 'jogar parado'. Falar o mínimo possível já que o que cenário estava favorável. Em visita à Superintendência da Polícia Federal no Rio, na semana passada, Bolsonaro chegou a falar que estava "com a mão na faixa".

Essa piora, na visão de aliados do candidato Bolsonaro, pode ter ocorrido pela denúncia de que empresas estariam pagando por pacotes de distribuição de conteúdo, via WhatsApp, para difamar o Partido dos Trabalhadores, em favor de Bolsonaro.

Pesou também negativamente o fato de ter circulado um vídeo do filho do presidenciável o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), falando em fechar o STF (Supremo Tribunal Federal).

Isso fez com que Bolsonaro fizesse uma transmissão ao vivo no Facebook, na noite de quarta (24), e arregaçasse pedindo para que seus aliados se concentrassem na eleição nacional, deixando de lado as disputas por governos dos estados. "A questão da neutralidade é justamente porque não está garantida minha eleição no próximo domingo", comentou.

Por Alderi Dantas, 26/10/2018 às 06:21

25/10/2018

Não é o PT, é você, somos nós, amigo!





















Por Alencar Santana - deputado federal eleito pelo PT-SP

Este é um daqueles momentos decisivos da história de um povo!

Você pode não gostar do PT, pode achar que o PT errou mais do que tinha direito de errar. Pode até acreditar que o PT se tornou igual aos outros e promoveu corrupção. Tudo isso dá para compreender. Tudo isso dá para conversar.

O que você não pode é não olhar para os dois candidatos a Presidente como eles são e para o que vão fazer. Este é o momento de abrir bem os olhos e ouvidos. Restam poucas horas e a poluição de mentiras na internet tornou-se uma epidemia.
De um lado, temos o professor Fernando Haddad. Ele está nas ruas. Vai a todos os debates e entrevistas para os quais é convidado. Diz claramente o que vai fazer no governo. Argumenta. Explica. É paciente. Não xinga. Não ameaça. Nunca propagou a violência. Nunca disse que vai matar ninguém. Não censura ninguém.
De outro lado, temos o capitão da reserva Jair Bolsonaro. Ele se refugia em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio. Acha que já ganhou a eleição e não vai a nenhum debate. Recusa o confronto de ideias, e de programas, com Fernando Haddad. Se recusa até mesmo a ser sabatinado por jornalistas. Pior, censura jornalistas. Escolhe uns e proíbe outros de lhe fazer perguntas. Se ele ganhar, você pode imaginar o que ele fará.

Bolsonaro ameaça fuzilar o que chama de “petralhada”. Anuncia que vai aprovar leis enquadrando movimentos perfeitamente legais como terroristas. Diz que vai fazer uma “limpeza” nunca vista no País, varrendo o que chama de “vermelhos”. Cultua a tortura e diz que quem discordar dele ou vai para a cadeia ou vai para o exílio.

Fernando Haddad afirma em seu programa que vai retomar os programas sociais. Reconhece erros do PT, mas diz muito claramente onde vai mexer para que a economia volte a girar e os empregos retornem. Anuncia que os bancos terão de passar por uma grande reforma, para deixarem de cobrar os juros absurdos que você conhece. Propõe, claramente, que os ricos paguem impostos de forma justa e não como é hoje, em que o pobre paga mais do que os endinheirados, os super-ricos.
Jair Bolsonaro não demitiu o candidato a vice de sua chapa, o general Mourão, o qual disse que o seu governo vai acabar com o 13º salário. Não condenou o assassinato do mestre Moa do Katendê, em Salvador. Ignora os vários casos de assassinato a facadas e agressões desferidas por seus seguidores. Esconde o que vai fazer com a previdência social do trabalhador. Nada diz sobre bancos e banqueiros.

Em 1989, o ex-presidente Fernando Collor deu as caras no debate em TV com Lula e mentiu descaradamente, atribuindo a Lula o sequestro da Poupança que ele mesmo acabou fazendo e desgraçando a vida de milhões de brasileiros.

Soberbo com os 46 milhões de votos que teve no primeiro turno, Bolsonaro se esconde e não quer falar uma linha sobre o que virá. Mas seu filho, deputado federal, fala abertamente em fechar o Supremo Tribunal Federal. Generais que o acompanham falam em retomar o desmatamento da Amazônia e abri-la à exploração dos estrangeiros. Seus aliados preparam na surdina o fim da aposentadoria pública.

Ou você escolhe alguém de quem você pode discordar, mas sabe que haverá amanhã, pois ele respeita o próximo e prega a convivência pacífica.
Ou você escolhe alguém que simula respeitar a regra do jogo, mas que você não pode garantir se haverá amanhã, pois ele quer perseguir pessoas e mergulhar o País na dor.

Pense bem. Se você ainda não sabe o que é o fascismo, pesquise quem foi Mussolini, Hitler ou Pinochet. Depois, olhe para os seus filhos e seus netos. 
Você é muito melhor do que Bolsonaro. O Brasil precisa de você. Por isso, vote Haddad13 e mantenha de pé a democracia!
Postado em 25/10/2018 às 21:02

General Mourão diz que, se eleito, quer sala ao lado da de Bolsonaro

Em entrevista a O Globo, o general Hamilton Mourão disse que, em caso de vitória de Jair Bolsonaro, pretende estar dentro do Palácio Planalto, em sala ao lado da do presidente.

Hoje, as salas da Vice-Presidência funcionam num anexo do Planalto, e não nos andares da Presidência.

“Eu me vejo como um assessor qualificado do presidente, um homem próximo ali, junto dele, dentro do Planalto, ali do lado dele, nossas salas serão juntas. Não seremos duas figuras distantes (…). Aquelas reuniões que ocorrem ali, eu estarei presente”, declarou o general.

Mourão, que durante a campanha foi desautorizado mais de uma vez por Bolsonaro em razão de suas declarações, disse esperar que o presidenciável delegue a ele funções de liderança num eventual governo.

Por Alderi Dantas, 25/10/2018 às 20:51

Notícias falsas pelo WhatsApp na eleição brasileira é fenômeno sem precedentes no mundo, diz OEA

A chefe da missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) nas eleições no Brasil, Laura Chinchilla, declarou nesta quinta-feira (25) que o fenômeno das notícias falsas durante a campanha eleitoral brasileira talvez não tenha precedentes em outra democracia.

Chinchila se encontrou em São Paulo na manhã desta quinta-feira com o candidato do PT, Fernando Haddad, que apresentou uma série de denúncias sobre violência política, divulgação de notícias falsas e financiamento ilegal.

Segundo Chinchilla, a OEA tomou nota das acusações, transmitiu-as às autoridades eleitorais e comprometeu-se a dar prosseguimento a elas.

Após o encontro com Haddad, a chefe da missão da OEA afirmou que o Whatsapp é uma rede que apresenta muitas complexidades para as autoridades poderem acessá-la e fazer investigações. "É a primeira vez numa democracia que estamos observando o uso do WhatsApp para disseminar maciçamente de notícias falsas, como no caso do Brasil", disse a ex-presidente da Costa Rica.

Segundo Chinchilla, tal uso requereu "instrumental técnico e jurídico" diferente daquele utilizado na eleição nos EUA, onde as redes sociais usadas para divulgar fake news foram principalmente o Twitter e o Facebook.

O organismo regional manifestou preocupação com a intensificação da disseminação de conteúdo falso no Brasil e assegurou que as autoridades se viram "esmagadas" diante desse fenômeno. "A questão das notícias falsas está pegando de surpresa quase todas as democracias do mundo. Já vimos que muitas vezes as autoridades estão sobrecarregadas pelo fenômeno das fake news porque ele é recente e de dimensões ainda não consideradas", afirmou a chefe da missão da OEA.

Chinchilla afirmou que a OEA não teve a oportunidade de discutir o assunto com o candidato Jair Bolsonaro ou qualquer membro de seu partido, mas expressou a disposição da organização de se encontrar com ele antes da eleição de domingo. Ela disse que também recebeu denúncias do PSL, as quais, segundo ela, foram enviadas às autoridades eleitorais.

Na semana passada, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a disseminação em massa de mensagens falsas contra Haddad e Bolsonaro.

Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou uma investigação, a pedido do Partido dos Trabalhadores, para averiguar se empresas financiaram o envio maciço de mensagens falsas para beneficiar a campanha do capitão reformado do Exército.

Por Alderi Dantas, 25/10/2018 às 12:50

Às vésperas das eleições, Haddad tem agenda pelo país e Bolsonaro faz vigília em casa

A três dias das eleições, os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm agendas organizadas de forma bem distinta. Haddad intensifica as viagens e irá até a manhã desta sexta-feira (26) a três capitais do Nordeste. Na foto acima, multidão toma os Arcos da Lapa, RJ, na última terça-feira (23) em apoio a Haddad.

Na noite desta quinta-feira (25) ele estará no Recife. Haddad programou ainda atos políticos em Salvador nessa sexta-feira e, em seguida, irá para João Pessoa, enquanto Bolsonaro permanece todo o tempo em casa, no condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, recebendo correligionários e fazendo postagens nas redes sociais. 

O Nordeste foi a região em que Haddad recebeu mais votos no primeiro turno das eleições.

Por Alderi Dantas, 25/10/2018 às 06:09

ABRUEM publica nota em defesa das universidades e da democracia

A Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM) publicou em seu site a nota “Brasil: em diversidade e com democracia”.

O texto, assinado pelo reitor Haroldo Reimer, presidente da ABRUEM, ressalta que somente a educação crítico-reflexiva poderá nos levar a patamares civilizatórios mais elevados, honrando as melhores tradições de tantos educadores, educadoras, importantes intelectuais, artistas e cientistas.

Confira a nota da ABRUEM na íntegra:

BRASIL: EM DIVERSIDADE E COM DEMOCRACIA
Sem a democracia restará a barbárie. Sem a garantia de liberdades individuais e o respeito às regras mais elementares de convivência pacífica em sociedade perde-se parte fundamental dos laços que nos trouxeram até aqui como Nação.

Há mais de 800 anos, as Universidades se constituíram sob o signo da liberdade de pensamento e da busca por autonomia, fundando suas atividades, crescentemente, sobre a premissa da razão crítica e do método científico. As Academias nasceram para serem vanguardas do pensamento, projetando-se tantas vezes para além do seu tempo, contribuindo, assim, para o processo civilizatório.

No Brasil, as Universidades são um fenômeno relativamente tardio, mesmo em relação a vários países latino-americanos. Com sua emergência no cenário nacional, elas assumiram o papel de construir e socializar conhecimento, alavancar a ciência e a tecnologia e colocar o País em postos de destaque em muitas áreas do conhecimento.

Notadamente, as universidades públicas (federais, estaduais e municipais) cumprem este papel tão importante e caro à Nação. No conjunto, todas as instituições de ensino superior, independentemente de sua natureza jurídica, devem ser vistas como elementos importantes dentro de um sistema que promove avanços no campo da educação, com evidentes reflexos na pesquisa, tecnologia e inovação.

Nos últimos anos, as nossas Universidades têm sido vítimas de ataques à autonomia, aprofundando um processo de sucateamento e desmonte, que tem afixiado financeiramente a maioria delas em quase todos os Estados. No quadro geral das crises fiscais dos Estados, nem sempre tem se verificado a priorização da continuidade dos investimentos, não se fazendo jus à enorme e inegável contribuição que estas instituições prestaram e prestam para o desenvolvimento regional nos distintos Estados.

Mais recentemente, os ataques às Universidades têm ocorrido também no terreno essencial da liberdade de ensinar e aprender. Ações e agressões se espalham pelo País no sentido de ferir esta liberdade que é constitutiva, desde as origens, da instituição universitária. Tais eventos ferem de morte esta instituição secular.

No momento atual, percebemos a Nação brasileira esgarçada por uma disputa eleitoral e a sociedade sendo vitimada pela intolerância e pela repetição de práticas condenáveis em relação ao respeito pelo outro, à convivência tolerante e ao processo de construção democrática da sociedade. Com a percepção da alteridade e a convivência com o outro em suas idiossincrasias, emergiu e se mantém o modo democrático de viver em coletividade, colocando a justiça social como elemento norteador.

Sem a democracia restará a barbárie. Sem a garantia de liberdades individuais e o respeito às regras mais elementares de convivência pacífica em sociedade perde-se parte fundamental dos laços que nos trouxeram até aqui como Nação. Não podemos assistir impassíveis a tais práticas!

Queremos proclamar, de forma clara, que defenderemos com todas as nossas forças as conquistas históricas da democracia em nosso País e conclamamos a todos e todas a se juntarem a este propósito, nos diversos âmbitos de atuação. O ambiente universitário jamais poderá se tornar palco de intolerâncias e rupturas com os valores essenciais apregoados e defendidos como elos fundamentais de coesão nas sociedades modernas.

Defendemos e defenderemos o caráter público de nossas Universidades e com o mesmo vigor e a mesma veemência os valores fundamentais da democracia em nosso País!

Somente a educação crítico-reflexiva poderá nos levar a patamares civilizatórios mais elevados, honrando as melhores tradições de tantos educadores, educadoras, importantes intelectuais, artistas e cientistas. Assim, sobre o pressuposto da diversidade que nos constitui como povo brasileiro, em consonância com os fundamentos da República, podemos olhar para o horizonte e continuar construindo uma sociedade livre, justa e solidária, com desenvolvimento regional e nacional, com diminuição das desigualdades, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outras formas de discriminação.

Brasília, 22 de outubro de 2018.

Haroldo Reimer

Presidente da Abruem

Por Alderi Dantas, 25/10/2018 às 05:43

24/10/2018

Caetano fala em 'tempos sombrios' em artigo no The New York Times

O compositor Caetano Veloso entrou na campanha anti-fascista com tudo na reta final das eleições brasileiras. Ele escreveu um artigo para o jornal americano 'The New York Times' cujo título é 'Tempos sombrios estão chegando ao meu país', pedindo "que minha música, minha presença sejam uma resistência permanente a qualquer característica antidemocrática que venha de um provável governo Bolsonaro".

No artigo, Caetano diz que "o sucesso de Jair Bolsonaro está diretamente ligado aos acontecimentos no Brasil nos últimos anos, como os protestos que tomaram as ruas em 2013, o impeachment da presidente Dilma Rousseff e grandes escândalos de corrupção".

O compositor diz: "muitos artistas, músicos, cineastas e pensadores viram-se em um ambiente de ideais reacionários, que - através de livros, sites e artigos de notícias - têm denegrido qualquer tentativa de superar a desigualdade ligando políticas socialmente progressistas a um tipo de pesadelo venezuelano, gerando medo que os direitos das minorias irão corroer os princípios religiosos e morais, ou simplesmente doutrinando as pessoas em brutalidade através do uso sistemático de linguagem depreciativa".

E prossegue: "a ascensão de Bolsonaro como uma figura mítica cumpre as expectativas criadas por esse tipo de ataque intelectual. Não é uma troca de argumentos: aqueles que não acreditam em democracia funcionam de maneira insidiosa".

Caetano ainda lembra do processo de redemocratização brasileiro: "se alguém me dissesse na época que conseguíramos eleger Fernando Henrique Cardoso e depois Luiz Inácio Lula da Silva, teria soado como um sonho. E então aconteceu. A eleição do Sr. Cardoso e do Sr. Silva carregaram um peso simbólico gigantesco. Brasil ganhou mais respeito próprio".

E recorda do regime militar: "no final dos anos 60, a junta militar prendeu muitos artistas e intelectuais por suas crenças políticas. Eu era um deles, junto com meu amigo Gilberto Gil. Gilberto e eu passamos uma semana em uma cela suja. Então, sem nenhuma explicação, fomos transferidos para outra prisão militar por dois meses. Depois disso, quatro meses de prisão domiciliar até, finalmente, o exílio, onde ficamos por dois anos e meio. Outros estudantes, escritores e jornalistas foram presos nas celas onde estávamos, nenhum foi torturado. Durante a noite, porém, ouvimos os gritos das pessoas".

Por Alderi Dantas, 24/10/2018 às 23:43

Haddad diz que evangélicos estão se sentindo traídos pelas mentiras da campanha do seu adversário

O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, avaliou nesta quarta-feira que a melhora de seu desempenho entre o eleitorado evangélico se deve ao fato de os evangélicos estarem se sentindo traídos pelas mentiras do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

"O evangélico sabe o que é a palavra verdade e sabe o significado que ela tem na Bíblia. Sabe também o que significa a palavra mentira", disse Haddad a jornalistas ao chegar para evento de campanha em São Paulo.

"Quando meu adversário começou a mentir, os evangélicos se sentiram traídos, é isso que está impulsionando o voto evangélico, porque os evangélicos estão perdendo a confiança naquilo que o Bolsonaro diz, porque ele mente", acrescentou o petista.

Na pesquisa Ibope nacional divulgada na terça-feira (23), Bolsonaro caiu 6 pontos percentuais entre os evangélicos.

Bolsonaro, que inicia muitas vezes seus discursos e declarações citando o versículo da Bíblia que diz "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32), tem sido notícia no mundo em razão de denúncias de que sua campanha espalha notícias falsas.

Por Alderi Dantas, 24/10/2018 às 21:55 - Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Folha de S. Paulo pede proteção por ameaças a profissionais após reportagem sobre Bolsonaro

Atacado fortemente por Jair Bolsonaro, a Folha de S. Paulo pediu proteção da Polícia Federal por causa da ameaças a seus profissionais.

Jair Bolsonaro gravou um vídeo enfurecido contra a “Folha de S. Paulo”, acusando o jornal de ‘Fake News’, após a revelação de que o político recebeu apoio de empresários para disseminar milhões de mensagens via WhatsApp. Além disso, Bolsonaro acusou o veículo de ser “vendido”.

O jornal está sendo bombardeado por mensagens. Em um de seus números de WhatsApp, foram 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas.

Estão ameaçados a repórter Patrícia Campos Mello, autora da reportagem mostrando a disseminação clandestina de mensagens favoráveis a Bolsonaro pelo WhatsApp, e o diretor do Datafolha, Mauro Paulino.

Patrícia, segundo o jornal, está recebendo ameaças de agressão física por telefone, nas redes sociais das quais participa e por e-mail. Seu WhatsApp foi hackeado e passou a enviar mensagens favoráveis a Bolsonaro.

“As ameaças à jornalista também se alastraram por grupos de apoio ao presidenciável do PSL no WhatsApp. Foram distribuídas mensagens convocando eleitores do capitão reformado para confrontar Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por ela”, afirmou o jornal.

Mauro Paulino, do Datafolha, foi atacado em mensagens pelo no seu Messenger e em sua casa.

Por Alderi Dantas, 24/10/2018 às 19:39 - Com informações do Catraca Livre e Congresso em Foco

Devo votar como meu chefe?

Por Luísa GranatoRepórter de Carreira de EXAME.com

No próximo domingo, dia 28, ocorre o segundo turno das eleições de 2018 para os cargos de presidente da República e governador. Com a disputa acirrada entre os candidatos, o debate sobre política permeia diversos contextos da vida da população – incluindo o ambiente de trabalho.

Embora empresários e celebridades tenham vindo a público para declarar seu voto e apoio a políticos, a advogada Adriana Pinton, sócia do escritório Granadeiro Guimarães, lembra que a lei brasileira garante o voto secreto ao cidadão.

“Vivemos uma democracia e temos a liberdade de escolher em quem votar. Assim, também tenho que respeitar o direito do outro. É livre manifestar seu voto, mas não exigir que outras pessoas compartilhem a mesma conduta, como com uma pesquisa de intenção de voto”, declara a advogada pós-graduada em direito do trabalho.

Em vídeo interno da empresa, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, revela que por meio de pesquisa sabia que 30% de seus funcionários votariam nulo ou branco. Hang também teria declarado que iria repensar o crescimento da empresa e fechar lojas caso um candidato de “esquerda” fosse eleito.

O caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho, que, após denúncias, processa o empresário por tentar coagir seus funcionários na votação.

Da forma semelhante, o grupo de supermercados Condor também foi alvo de inquérito após carta do seu presidente, Pedro Joanir Zonta, defendendo o voto no candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro.

“O empresário, como todo mundo, tem direito a essa liberdade de expressão, mas não pode utilizar seu poder econômico para forçar os demais a seguir o seu ponto. Especialmente pelo trabalhador ser o mais fraco nessa relação”, explica a advogada.

Além de influenciar o voto ou pedir para declará-lo, outro problema no ambiente de trabalho é a discriminação. “Nossas leis pregam que não posso discriminar ou julgar qualquer pessoa pelo seu gênero, raça ou posicionamento político. É um princípio da Constituição para garantir a total liberdade das pessoas”, explica ela.

Segundo a advogada, seu escritório recebeu alguns casos de conflitos no trabalho por causa das eleições. Ela comenta um caso de publicações de cunho racista de um empregado após o primeiro turno que levou a punição.

O caso lembra o que ocorreu com o publicitário da agência Africa, José Borelli, que fez um comentário preconceituoso contra os nordestinos no Instagram após o resultado das urnas no primeiro turno das eleições. Ele foi afastado do cargo e a companhia avalia qual será seu destino.

“As pessoas têm confundido o que é liberdade de expressão, esquecendo que precisam respeitar a liberdade do outro. Nenhuma liberdade é absoluta, a minha vai até onde existe a do outro”, fala ela.

Postado em 24/10/2018 às 19:21 - Foto: Nelson Junior/VEJA

Goldman, ex-presidente nacional do PSDB, anuncia voto em Haddad

O ex-governador Alberto Goldman, quadro histórico, ex-presidente e integrante da executiva nacional do PSDB, declarou um sonoro #EleNão e seu voto em Fernando Haddad (PT). Para o ex-governador, a fala em que Jair Bolsonaro insinua perseguição a opositores 'ultrapassou qualquer limite do aceitável'.

Goldman reconhece que nunca passou por sua cabeça que um dia pudesse votar no PT, mas o discurso proferido por Bolsonaro, no domingo, 21, colocou o dirigente 'além do limite do suportável'. Alerta ainda que isso contraria princípios constitucionais.

'Não é um voto pelo PT, mas contra Bolsonaro. Ele representa tudo o que abominei e vivi na ditadura militar', afirmou Goldman.

Na outra ponta, o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, barrou a articulação para que o apoio expressado por Goldman a Haddad fosse assumido por outros membros da sigla. Mesmo que Alckmin avalie que um eventual governo Bolsonaro seja 'catastrófico', e que o país não vai demorar muito para ver pessoas morrendo nas portas dos hospitais por falta de gestão e investimento na área, não quer se posicionar.

O não posicionamento de Alckmin tem a ver com sua tentativa de manter o comando do PSDB, e o fato de muitos filiados terem decidido apoio ao candidato do PSL, ele acredita que sinalizar ser pró-Haddad possa enfraquece-lo internamente.

"Eu não quero pagar pra ver. Depois de tantos anos de embate com o PT e de ter sido até mesmo responsável direto pela instalação da CPI dos Correios, que desnudou o Mensalão, nunca imaginei votar neles e estava disposto a anular meu voto. Mas Bolsonaro passou dos limites aceitáveis no último domingo, com um discurso que nos traz de volta os momentos mais dramáticos da nossa história. Eu não quero pagar pra ver. Votarei em Fernando Haddad, contra a ameaça aos valores democráticos", relatou Goldman.

Por Alderi Dantas, 24/10/2018 às 18:52

23/10/2018

Bolsonaro quer manter integrantes da equipe de Temer

Diferente do que tenta passar para o eleitor, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) representa a continuidade e o aprofundamento do projeto levado adiante por Michel Temer (MDB), que é rejeitado por mais de 80% da população. Prova disso é o fato de que a equipe de Bolsonaro corteja secretários da Fazenda de Temer para que - no caso de uma vitória - permaneçam em postos no governo.

Se o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vencer as eleições, o seu guru, Paulo Guedes, pretende convidar integrantes da equipe econômica de Michel Temer, que já foram sondados, para que fiquem em seus cargos, caso vençam as eleições.

Rabiscos da formação da equipe e a formulação de um plano feitos por seu guru, Paulo Guedes, mostra que ele pretende ter integrantes da equipe econômica de Michel Temer, inclusive, as sondadas já foram feitas. De acordo com a agência Reuters, o atual secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o secretário de Política Econômica, Fabio Kanczuk, e Ilan Goldfajn, atual presidente do Banco Central, estão entre aqueles já convidados.

Por Alderi Dantas, 23/10/2018 às 21:40

WhatsApp causa desconforto em reunião do TSE com checadores

Por Cristina Tardáguila - diretora da Agência Lupa

Faltando apenas seis dias para o segundo turno das eleições 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reuniu em Brasília um time de peso: representantes de oito plataformas profissionais de fact-checking e membros de Facebook, Twitter e Google. O WhatsApp, que está no olho do furacão desde a semana passada, não mandou ninguém à capital federal. Entrou por telão, de seu escritório na Califórnia, fez algumas declarações que caíram mal entre os jornalistas presentes e se desconectou antes que todos os participantes fizessem suas exposições.

A proposta do encontro, convocado pelo Conselho Consultivo para Internet e Eleições logo após o primeiro turno, era ouvir aqueles que estão na linha de frente no combate às notícias falsas. Assim, num auditório com cerca de 70 pessoas, os checadores mostraram o tamanho do problema.

No primeiro turno, apenas dez dos quase 50 boatos checados como “falsos” pela Lupa foram compartilhados 865 mil vezes no Facebook. Nos dias 6 e 7 de outubro, o Aos Fatos desmentiu 12 notícias que, somadas, acumulavam mais de 1,17 milhão de compartilhamentos. São números que, nas palavras do presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e coordenador do projeto Comprova, Daniel Bramatti, mostram que “o problema [das fakes news] existe e que é muito sério”, algo que, “apesar de alguns membros do TSE terem minimizado recentemente (...), está na cara que ronda os milhões”.

E foi nesse contexto - de números gigantescos e histórias sem pé nem cabeça - que o WhatsApp “enviou” à conversa Keyla Maggessy. Segundo o jornal O Globo, Keyla começou a trabalhar para o aplicativo, nos Estados Unidos, no meio das eleições deste ano, vinda do Google. No início de sua fala, pelo telão, ela defendeu que sua empresa trabalha em três vertentes: “na educação dos usuários, na prevenção de abusos e em sintonia com as autoridades investigativas, oferecendo dados”. Ao esmiuçar a questão, no entanto, a “gerente global de respostas a demandas de Justiça” sustentou que o WhatsApp fechou parcerias com diversas plataformas de checagem no Brasil e fez uma lista citando algumas presentes. O mal-estar se instalou na sala. “A informação é falsa”, disse Tai Nalon, diretora do Aos Fatos, quando tomou a palavra. “Nós montamos nosso trabalho no WhatsApp sem nenhum apoio do aplicativo”.

Quando aberto o espaço para perguntas, o Whatsapp foi o principal alvo de questionamentos. O ministro Admar Gonzaga, do TSE, quis saber se o aplicativo é capaz de identificar mensagens massivas vindas de outros países para o Brasil e, sem seguida, perguntou que medida tomaria para enfrentar isso. Keyla não soube responder. Prometeu investigar e retornar.

Ela também não soube dizer qual o tamanho da equipe de comunicação que sua empresa destinou para atender aos brasileiros numa semana tão crucial. Também não sabia responder se a diretoria do WhatsApp havia avaliado a proposta apresentada pela Safernet há uma semana com oito sugestões de ajustes no funcionamento do aplicativo - propostas feitas aos moldes do que fora implantado na Índia em decorrência de linchamentos. Keyla precisou traduzir as perguntas para o inglês e passar a palavra para o americano Ben Sampler, que estivera ao seu lado todo o tempo e que acabou se limitando a dar respostas evasivas.

O ponto alto (ou baixíssimo) da participação do WhatsApp na última reunião do Conselho Consultivo do TSE antes da votação do próximo domingo foi quando os representantes do aplicativo interromperam a fala dos checadores para se despedir. Não poderiam seguir conectados, escutando as proposições daqueles que - sim - estão combatendo a desinformação. Tinham alguma agenda qualquer. A desconexão do WhatsApp significou o esvaziamento da sala.

De positivo da reunião, ficou a apresentação - por parte de sete das oito plataformas de checagem presentes - de um documento robusto que trouxe quatro propostas concretas que podem ser encampadas pelo TSE ainda nesta semana para combater as notícias falsas.

Agência Lupa, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, e-Farsas, Estadão Verifica e Truco/Agência Pública criaram um grupo único de WhatsApp nos últimos dias e propõem ao TSE que o utilize como principal canal de elucidação de dúvidas e comunicação de checagens. O grupo pede que o órgão forneça a essa equipe de profissionais acesso rápido aos TREs, que realizarão a votação de segundo turno, bem como a especialistas em direito eleitoral e em urnas eletrônicas. Por fim, pede que o órgão defenda publicamente a atuação dos jornalistas - que vêm sendo agredidos fisicamente e virtualmente (já foram mais de 130 casos de violência nas eleições deste ano, segundo a Abraji) e que passe a apostar em alfabetização midiática. Leia a íntegra das propostas apresentadas ao TSE aqui.

Os checadores aguardam posicionamento do órgão.

 Postado em 23/10/2018 às 12:29

Bolsonaro defende educação a distância desde o ensino fundamental

O deputado e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro ( PSL) defendeu no decorrer da campanha o uso da educação a distância desde o ensino fundamental. Ele argumentou que esse tipo de metodologia pode ajudar a combater o "marxismo" nas escolas. Para Bolsonaro, o aluno poderia ir às escolas apenas para fazer provas e aulas práticas, a depender da disciplina.

— Conversei muito sobre ensino a distância. Me disseram que ajuda a combater o marxismo. Você pode fazer ensino a distância, você ajuda a baratear. E nesse dia talvez seja integral — afirmou o presidenciável, ao ser questionado por jornalistas sobre propostas para a educação.

Perguntado sobre em qual etapa da educação pretendia investir no ensino à distância, respondeu:

— No fundamental, médio, até universitário. Todos podem ser à distância, depende da disciplina. Fisicamente em época de prova ou aula prática — afirmou o presidenciável.

O parlamentar defendeu também que pretende usar um "lança chamas" no Ministério da Educação para tirar de lá as ideias de Paulo Freire, educador, pedagogo e filósofo brasileiro, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Paulo Freire é também o Patrono da Educação Brasileira. 

Por Alderi Dantas, 23/10/2018 às 01:16

Facebook remove 68 páginas por atividades inautênticas e motivação política

O Facebook removeu, nesta segunda-feira (22), como parte dos esforços permanentes para proteger a plataforma de abusos, 68 Páginas e 43 contas associadas ao grupo brasileiro Raposo Fernandes Associados (RFA), por violação da política de autenticidade e de spam.

Segundo o Facebook, as pessoas por trás da RFA criaram páginas usando contas falsas ou múltiplas contas com os mesmos nomes, o que viola as políticas da rede social. De acordo com a empresa, havia motivação política e econômica por trás da rede de páginas. A companhia identificou “uma grande quantidade de artigos caça-cliques” que tinham o objetivo de direcionar os usuários para sites com muitos anúncios e pouco conteúdo fora da rede social.

De acordo com professor de marketing político digital pela ESPM Marcelo Vitorino páginas como as que foram derrubadas nesta segunda usam programas automatizados para replicar os conteúdos em grupos dentro da rede social, o que amplia o alcance das mensagens.

Entre as páginas removidas, estão a “Política na Rede”, a “Folha Política”, “MCC - Movimento Contra Corrupção”, que existe desde antes de junho de 2013, a “Gazeta Social” e a “Ficha Social”. A maior parte da rede atuava distribuindo conteúdo anticorrupção e antipetista desde ao menos 2014.

Na nota, o Facebook esclarece que implementou uma série de medidas para proteger o Facebook antes da eleição no Brasil e continua investindo para evitar que abusem de suas plataformas, porque quer que as pessoas se sintam seguras e confiem nas conexões que fazem no Facebook. Em julho, o Facebook retirou do ar 196 páginas e 87 contas associadas ao movimento Movimento Brasil Livre (MBL). O grupo que nasceu pedindo o impeachment de Dilma Rousseff.

Por Alderi Dantas, 23/10/2018 às 00:27

Filho de Bolsonaro ameaça STF e diz que para fechar corte basta “um soldado e um cabo”

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro, ameaçou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caso eles decidam fazer algum tipo de questionamento à candidatura de extrema direita do PSL. "Se o STF arguir qualquer coisa... Sei lá, que recebeu uma doação ilegal de 100 reais do José da Silva... E impugna a candidatura dele... Eu não acho isso improvável, mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo?", questiona o deputado, em vídeo que começou a circular pelas redes sociais domingo (21). "O pessoal até brinca que para fechar o STF você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo. Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular?".

Em texto publicado em seu perfil no Facebook na tarde do domingo, o deputado esclareceu que o vídeo foi gravado há quase quatro meses e pediu desculpas. "Eu respondi a uma hipótese esdrúxula, onde Jair Bolsonaro teria sua candidatura impugnada pelo STF sem qualquer fundamento. De fato, se algo desse tipo ocorresse, o que eu acho que jamais aconteceria, demonstraria uma situação fora da normalidade democrática. Na sequência citei uma brincadeira que ouvi de alguém na rua", afirmou.

O presidenciável Jair Bolsonaro já havia declarado horas antes a jornalistas que não existe a possibilidade de o Supremo ser fechado, segundo informou a Folha de S. Paulo. "Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra", afirmou o candidato, que naquele momento garantiu desconhecer o vídeo e disse duvidar que seu filho tenha feito tal afirmação.

A ameaça ao Supremo foi feita durante uma aula na AlfaCon Concursos Públicos, que oferece cursos preparatórios para os que almejam trabalhar na Polícia Federal e outras instituições públicas. O vídeo de sua fala foi publicado em julho deste ano no canal do Youtube do curso preparatório. "Sendo eleito no primeiro turno, há possibilidade de o STF criar uma previsibilidade para agir e impedir que seu pai assuma? E, isso acontecendo, o Exército pode agir sem ser invocado, salvo engano, o artigo 1º?", perguntava um participante da aula. Eduardo Bolsonaro, que é policial federal e foi reeleito deputado federal por São Paulo neste ano com 1,8 milhão de votos, tornando-se o mais votado da história, começou respondendo o seguinte: "Aí está caminhando para um estado de exceção, né. O STF vai ter que pagar para ver. E aí quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam e muito pouco pode ser dito".

O vídeo ascendeu novamente os temores de uma possível escalada autoritária no país. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que costuma ser cauteloso, afirmou que as declarações sobre o STF "cruzaram a linha, cheiram a fascismo". 

Por Alderi Dantas, 23/10/2018 às 00:10 - Com informações do El País Brasil

22/10/2018

Bolsonaro propõe a cobrança de mensalidade em universidade federal

A equipe econômica do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) pensa em instituir a cobrança de mensalidade nas universidades federais. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o objetivo é cobrar para os estudantes que possuem maior renda. A proposta detalha que o dinheiro arrecadado seria transformado em um fundo para o financiamento das vagas ocupadas por estudantes de menor renda.

Questionado pela informação, o presidente da da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Reinaldo Centoducatte, critica a ideia. “Isso não vai resolver o problema. Para começar, a estratégia se baseia em conceitos errados”, indica, detalhando que um estudo realizado pela associação em 2016 mostra que dois em cada três estudantes de universidades federais pertencem às classes D e E. Centoducatte acredita que a mudança pode acabar reduzindo o acesso ao ensino superior, e não o contrário.

Por Alderi Dantas, 22/10/2018 às 21:41

Marina Silva declara voto em Haddad

A ex-presidenciável Marina Silva (REDE) declarou, na tarde desta segunda-feira (22), que votará em Fernando Haddad (PT) no segundo turno da disputa à Presidência do Brasil.

"Diante do pior risco iminente, de ações que, como diz Hannah Arendt, “destroem sempre que surgem”, “banalizando o mal”, propugnadas pela campanha do candidato Bolsonaro, darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, “pelo menos” e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad", afirmou Marina.

Abaixo, leia a íntegra da nota com o posicionamento de Marina Silva:

POSICIONAMENTO NO SEGUNDO TURNO

Neste segundo turno a Rede Sustentabilidade já recomendou a seus filiados e simpatizantes que não votem em Bolsonaro, pelo perigo que sua campanha anuncia contra a democracia, o meio-ambiente, os direitos civis e o respeito à diversidade existente em nossa sociedade.

Do outro lado, a frente política autointitulada democrática e progressista não se mostra capaz de inspirar uma aliança ou mesmo uma composição. Mantém o jogo do faz-de-conta do desespero eleitoral, segue firme no universo do marketing, sem que o candidato inspire-se na gravidade do momento para virar a própria mesa, fazer uma autocrítica corajosa e tentar ser o eixo de uma alternativa democrática verdadeira. Alianças vêm de propósitos comuns, de valores políticos e éticos, de programas e projetos compartilhados, que só são possíveis em um ambiente de confiança em que, diante de inaceitáveis e inegáveis erros, a crítica é livre e a autocrítica é sincera. 

Cada um de nós tem, em sua consciência, os valores que definem seu voto. Sei que, com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu dever ético e político fazê-la.

Importa destacar que, como já afirmei ao final do primeiro turno, serei oposição, independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil, e continuarei minha luta histórica por um país politicamente democrático, economicamente próspero, socialmente justo, culturalmente diverso, ambientalmente sustentável, livre da corrupção, e empenhado em se preparar para um futuro no qual os grandes equívocos do modelo de desenvolvimento sejam superados por uma nova concepção de qualidade de vida, de justiça, de objetivos pessoais e coletivos. O meu apoio à Operação Lava-jato, desde o início, faz parte dessa concepção, na qual o Estado não é um bunker de poder de grupos, mas um instrumento de procura do bem público.

Vejo no projeto político defendido pelo candidato Bolsonaro, risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política: primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao longo de décadas, por gerações de ambientalistas, fazendo uso de argumentos grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados. Chega ao absurdo de anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura. Com isso, atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país. Ademais, desconsidera os direitos das comunidades indígenas e quilombolas, anunciando que não será demarcado mais um centímetro de suas terras, repetindo discursos que já estão desmoralizados e cabalmente rebatidos desde o início da segunda metade do século passado. Segundo, é um projeto que minimiza a importância de direitos e da diversidade existente na sociedade, promovendo a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação. Por fim, em terceiro lugar, é um projeto que mostra pouco apreço às regras democráticas, acumula manifestações irresponsáveis e levianas a respeito das instituições públicas e põe em cheque as conquistas históricas desde a Constituinte de 1988.

Por sua vez, a campanha de Haddad, embora afirmando no discurso a democracia e os direitos sociais, evocando inclusive algumas boas ações e políticas públicas que, de fato, realizaram na área social em seus governos, escondem e não assumem os graves prejuízos causados pela sua prática política predatória, sustentada pela falta de ética e pela corrupção que a Operação Lava-Jato revelou, além de uma visão da economia que está na origem dessa grave crise econômica e social que o país enfrenta. 

Os dirigentes petistas construíram um projeto de poder pelo poder, pouco afeito à alternância democrática e sempre autocomplacente: as realizações são infladas, não há erros, não há o que mudar.
Ao qualificar ambos os candidatos desta forma, não tenho a intenção de ofender seus eleitores, milhões de pessoas que acreditam sinceramente em um deles ou que recusam o outro, com muitas e justificadas razões. E creio que os xingamentos e acusações trocados nas redes sociais e nas ruas só trazem prejuízos à democracia, mas é visível que, na maioria das vezes, essas atitudes são estimuladas pelos discursos dos candidatos e de seus apoiadores. A política democrática deve estar fortemente aliançada no respeito à Constituição e às instituições, exercida em um ambiente de cultura de paz e não-violência.

Outro motivo importante para a definição e declaração de meu voto é a minha consciência cristã, valor central em minha vida. Muitos parecem esquecer, mas Jesus foi severo em palavras e duro em atitudes com os que têm dificuldade de entender o mandamento máximo do amor. 

É um engano pensar que a invocação ao nome de Deus pela campanha de Bolsonaro tem o objetivo de fazer o sistema político retornar aos fundamentos éticos orientados pela fé cristã que são tão presentes em toda a cultura ocidental. A pregação de ódio contra as minorias frágeis, a opção por um sistema econômico que nega direitos e um sistema social que premia a injustiça, faz da campanha de Bolsonaro um passo adiante na degradação da natureza, da coesão social e da civilização. Não é um retorno genuíno ao mandamento do amor, é uma indefensável regressão e, portanto, uma forma de utilizar o nome de Deus em vão.

É melhor prevenir. Crimes de lesa humanidade não tem como se possa reparar. E nem adianta contar com o alívio do esquecimento trazido pelo tempo se algo irreparável acontecer. Crimes de lesa humanidade o tempo não apaga, permanecem como lição amarga, embora nem todos a aprendam.
Todas essas reflexões me inquietam, mas mostram o caminho da firmeza, do equilíbrio na análise e a necessidade de pagar o preço da coerência, seja ele qual for. 

E assim chegamos, neste segundo turno, ao ponto extremo de uma narrativa antiga na política brasileira, a do “rouba, mas faz” e depois, do “rouba, mas faz reformas”, mas ajuda os pobres, mas é de direita, mas é de esquerda etc. De reducionismo em reducionismo, inauguramos agora o triste tempo do "pelo menos”.

Diante do pior risco iminente, de ações que, como diz Hannah Arendt, “destroem sempre que surgem”, “banalizando o mal”, propugnadas pela campanha do candidato Bolsonaro, darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, “pelo menos” e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad.

Por Alderi Dantas, 22/10/2018 às 19:51

UFRN realiza diálogo em defesa da democracia nesta terça, 23

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realiza na manhã desta terça-feira, 23, a partir das 9h30, no auditório da Reitoria o evento “Diálogos em defesa da democracia: o medo que nos une nos separa?”. Aberta à comunidade em geral, a iniciativa busca sensibilizar os participantes para a necessidade de uma análise crítica das propostas dos candidatos à Presidência da República, no sentido de contribuir para a educação ética e o diálogo atento e respeitoso.

“Será um espaço de escuta atenta e respeitosa, para todas as tendências políticas, buscando-se compreender o medo e outros sentimentos que unem e separam os cidadãos brasileiros neste momento conturbado do nosso país. Partimos da premissa que, em uma sociedade democrática, o medo não pode imperar sobre a argumentação. O diálogo deve ser buscado, garantindo-se o direito primário de falar, escutar, concordar e discordar livremente em um processo virtuoso de convivência humana”, colocou Karla Patrícia Cardoso Amorim, presidente da Comissão de Ética da UFRN.

De acordo com a presidente da Comissão de Ética, Karla Patrícia Cardoso Amorim, as reflexões são imprescindíveis diante do ambiente de polarização, intolerância, raiva, falta de diálogo e medo que se estabeleceu no momento mais significativo do exercício da cidadania, as eleições para a Presidência da República do Brasil.

O evento é realizado pelo do Comitê de Ética da UFRN, por meio do programa Educar com Ética, e conta com parceria da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) e da Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

Por Alderi Dantas, 22/10/2018 às 17:47

New York Times faz editorial sobre "escolha triste do Brasil" por Bolsonaro

Do Uol 

O jornal americano The New York Times, um dos principais veículos de comunicação do mundo, publicou editorial neste domingo (21) em que considera a possível eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente como uma "escolha triste do Brasil". 

No texto, escrito pelo conselho editorial da publicação, o NYT afirma que "é um dia triste para a democracia quando a desordem e a decepção levam eleitores à distração e abrem a porta para populistas ofensivos, rudes e agressivos".

Para o jornal, Bolsonaro é um político de direita que tem "pontos de vista repulsivos". O NYT lista declarações do candidato dizendo que preferia que seu filho morresse a ser homossexual; que a deputada Maria do Rosário, sua colega na Câmara, não merecia ser estuprada porque seria "muito feia"; que quilombolas pesavam "sete arrobas" e não faziam nada; e seus questionamentos sobre o aquecimento global. 

A publicação diz ainda que Bolsonaro tem nostalgia pelos "generais e torturadores" da ditadura militar brasileira (1964-1985), abertamente defendida pelo candidato.

O editorial também traça um panorama do atual momento político e social do Brasil, citando a recessão econômica, a Operação Lava Jato, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o impeachment de Dilma Rousseff (PT), as denúncias contra o presidente Michel Temer (MDB) e os altos índices de crimes violentos. "Os brasileiros estão desesperados por mudança", diz o texto. 

"Com este pano de fundo, os pontos de vista nojentos de Bolsonaro são interpretados como sinceridade, sua obscura carreira como parlamentar como a promessa de um forasteiro" que vai limpar a corrupção e "sua promessa de um punho de ferro como a esperança de um alívio" dos altos índices de homicídios, afirma o NYT. 

Para o NYT, se Bolsonaro for eleito, o meio ambiente sairá perdendo, pois o candidato já propôs flexibilizar regras para o desmatamento da Amazônia, sugeriu tirar o Brasil do Acordo de Paris, acabar com o Ministério do Meio Ambiente e interromper a criação de terras indígenas. 

 Postado em 22/10/2018 às 05:30

Candidato à presidência do Brasil ameaça adversários de exílio ou cadeia em discurso transmitido na avenida Paulista

Jair Bolsonaro (PSL) não esteve presente na manifestação ocorrida na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (21), mas, mesmo assim, por intermédio de um vídeo ao vivo exibido em telões, usou do habitual discurso de ódio para atacar. Durante pronunciamento com duração aproximada dez minutos, o militar prometeu: “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora (exílio) ou vão para a cadeia”, disse, se referindo aos opositores.

Afirmou, ainda, que vai fazer “uma limpeza nunca vista na história desse Brasil” e foi mais além: “Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos do Brasil”, afirmou, sob gritos de “Fora PT”.

Apesar de dizer que apoia imprensa livre, seu discurso não é coerente com a afirmação. Ele pediu que seus apoiadores “participem das eleições ativamente” daqui a sete dias, “sem mentiras, sem fake news, sem Folha de S.Paulo”.

O candidato, acusado de se beneficiar de um esquema criminoso e milionário de caixa 2 bancado com dinheiro ilegal por uma rede de empresários, também bradou contra a corrupção, ameaçando Lula e Haddad.

A fala de Bolsonaro repercutiu nas redes sociais. Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo Psol no primeiro turno, diz que não se amedronta com a declaração. "Típico de uma mente autoritária e ditatorial, de quem acha que é dono do país. Seguimos na resistência democrática. #EleNão", tuitou.

Por Alderi Dantas, 22/10/2018 às 00:13

21/10/2018

A neutralidade no segundo turno é o refúgio dos covardes

Por João Filho - The Intercept Brasil

Se você acha que uma vitória de Haddad e do PT representa um sério risco à democracia, então sinto informar que você não entendeu nada do que aconteceu na história recente do Brasil. O partido se manteve no poder por 14 anos, tendo sido eleito por quatro vezes. Goste-se ou não dos seus governos, é inegável que ele respeitou a separação de poderes, não ameaçou a liberdade de imprensa e aceitou o resultado de um processo de impeachment que considerava um golpe.

Diante das manifestações de rua que pediam a sua saída, a presidenta afirmou que elas faziam “parte da democracia”. Dilma foi deposta e desceu a rampa do Planalto sem partir para o enfrentamento. Em nenhum momento, ela ou o PT ameaçaram fechar o Congresso ou colocar as Forças Armadas nas ruas para combater oponentes e barrar o processo que consideravam ilegal. Michel Temer assumiu o poder, e o PT foi para a oposição. Jamais se chegou perto das aberrações institucionais e antidemocráticas capitaneadas por Maduro na Venezuela. Apenas as reginas duartes temiam e temem essa possibilidade.

E Bolsonaro? O governo formado por militares aceitaria tranquilamente essas pressões sem recorrer às Forças Armadas? A se levar em conta os discursos proferidos pelo seu líder nos últimos anos, me parece bastante claro que não. Do ponto de vista do risco à democracia, Bolsonaro está muito mais próximo de Maduro do que de Haddad. Não é preciso ser um analista sofisticado para enxergar isso. Os discursos de Bolsonaro durante sua vida pública atestam o seu desprezo pela democracia. O capitão já afirmou textualmente que se fosse presidente daria um auto golpe assim que fosse eleito, fecharia o Congresso no dia seguinte à posse e fuzilaria o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Declarou ainda ser a favor da tortura e que só uma guerra civil resolveria os problemas do país. Os discursos de Bolsonaro são a própria “venezuelização” do Brasil.

General Mourão, seu vice, vem fazendo declarações ostensivamente antidemocráticas semana após semana. O seu provável futuro ministro dos Transportes, o general Oswaldo Ferreira, afirmou essa semana: “No meu tempo (ditadura militar), não tinha Ministério Público e Ibama para encher o saco” — este homem é considerado uma das cabeças pensantes da candidatura Bolsonaro nas áreas de infraestrutura e meio ambiente. É isso. Eles acham a democracia um saco.

A campanha bolsonarista passou a eleição inteira questionando a lisura da votação e espalhou deliberadamente mentiras sobre as urnas eletrônicas — as mesmas que elegeram ele e seus filhos por várias vezes seguidas e que levaram o PSL a ter a segunda maior bancada da Câmara neste pleito. O candidato da extrema-direita trabalha abertamente com o golpismo. Ninguém no futuro poderá dizer que foi pego de surpresa, já que a tragédia vem sendo anunciada por eles próprios. Assim como Regina Duarte, quem não está com medo é porque não entendeu.

Muitos partidos, políticos e jornalistas insistem em tratar Bolsonaro e Haddad como dois lados da mesma moeda. Trata-se ou de um erro grotesco de avaliação, ou de um tremendo e perigoso cinismo. Me parece que a segunda opção é a mais crível. Entre optar por um candidato com histórico em defesa da democracia e um com perfil autoritário e histórico em defesa da ditadura militar, há lideranças políticas que preferem lavar as mãos e permanecer neutros. A maioria dos partidos declarou que não irá apoiar ninguém. Marina da Silva e a Rede permaneceram neutros, mas pelo menos recomendaram não votar em Bolsonaro. Já os liberais do Novo, como já era de se esperar, montaram o cavalo do autoritarismo com o cinismo peculiar do partido. Optaram pela neutralidade, mas afirmaram ser “absolutamente contrário ao PT” — uma neutralidade antipetista.

Enquanto a barbárie bate à porta com casos de violência por parte dos seguidores de Bolsonaro pipocando pelas ruas do país, importantes democratas como Ciro Gomes e FHC decidiram passar uns dias na Europa. O primeiro irá apoiar Haddad, mas até aqui o apoio foi bastante tímido. O segundo fez juz à sua biografia e covardemente se declarou neutro. O ex-presidente viajará para o exterior nos próximos dias e só voltará para votar no segundo turno.

EM AGOSTO, a Fundação FHC recebeu para uma palestra o cientista político Steven Levitsky da Universidade de Harvard. Ele é um dos autores do livro “Como as democracias morrem”. Durante a palestra, ao lado do anfitrião FHC, Levitsky propôs um teste com quatro questões para identificar se um candidato tem tendências autoritárias: “Rejeita, em palavras ou atos, regras fundamentais da democracia? Põe em dúvida a legitimidade de seus oponentes? Tolera ou incentiva a violência política? Admite ou propõe restringir liberdades civis?”

Não é necessário dizer que Levitsky respondeu “sim” para Bolsonaro em todas as perguntas, o que não ocorreu com os demais candidatos. Disse ainda que “se um candidato, em sua vida, carreira política ou durante a campanha, defendeu ideias antidemocráticas, devemos levá-lo a sério e resistir à tentação de apoiá-lo, ainda que, diante de circunstâncias momentâneas, pareça ser uma opção aceitável”. O sociólogo FHC, que acompanhava a palestra ao lado do cientista político, concordou com tudo, mas o político e o cidadão FHC preferiram optar pela covardia da neutralidade, o que, na prática, se torna um apoio ao primeiro colocado nas pesquisas.

Há quem diga que é impossível votar em Haddad por causa da corrupção dos governos petistas. O voto no candidato autoritário seria a única maneira de colocar ordem na casa e evitar a volta da roubalheira do PT. De repente, o homem que arranjou tetas no Estado para quase toda a sua família — e que conseguiu até um emprego fantasma para o irmão na Assembleia Legislativa de São Paulo — virou uma opção para acabar com a corrupção no país. É uma insanidade. Bolsonaro e sua turma são uma tragédia também sob o ponto de vista ético. Basta olhar para os homens que o capitão promete escolher para compor seu ministério. Onyx Lorenzoni, que admitiu ter recebido R$ 200 mil de propina da JBS, já foi anunciado como futuro ministro da Casa Civil. Seu guru econômico, Paulo Guedes, acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar negócios com fundos de pensão de estatais, deve estar muito feliz com o foro privilegiado que receberá ao assumir o Ministério da Fazenda. Magno Malta, o vice dos sonhos de Bolsonaro, perdeu a eleição ao Senado e muito provavelmente será escolhido como ministro, como ele próprio já afirmou. Malta já foi indiciado na Máfia dos Sanguessugas, está sendo acusado de gravíssimos abusos na CPI da Pedofilia e gastou meio milhão de reais em gasolina usando dinheiro do eleitor em postos cujo dono é seu aliado político e já foi condenado por roubo. São esses alguns dos quadros notáveis que Bolsonaro escolherá para alçar o Brasil a um novo patamar ético.

Mas não são apenas partidos e lideranças políticas que passam pano para o autoritarismo. Enquanto a imprensa do mundo inteiro trata Bolsonaro como um candidato da extrema-direita, a Folha de São Paulo recomenda aos seus jornalistas que não classifiquem Jair Bolsonaro assim. A revista Fórum teve acesso a um comunicado interno, enviado pelo secretário de redação aos repórteres do jornal, determinando que só podem ser chamados de extrema-direita ou extrema-esquerda “facções que praticam ou pregam a violência como método político”. Bolsonaro insufla o povo a “metralhar a petralhada”, defende a tortura como prática de Estado e acredita que os responsáveis da exposição Queermuseu deveriam ser fuzilados, mas, não, a Folha não acredita que Bolsonaro prega a violência como método político. Talvez a Folha acredite, como o próprio candidato diz, que os discursos carregados de violência sejam apenas “força de expressão”. É evidente que estamos diante de um extremista que apresenta soluções simplórias e autoritárias para quase todos os assuntos. Estamos na beira do abismo, e a Folha está achando que ele nem é tão alto assim.

Nas entrevistas que os candidatos deram para o Jornal Nacional no dia seguinte à votação, parte das perguntas se baseou na ideia de que ambos representam igualmente um risco à democracia. Colunistões da linha de frente da Globo como Merval Pereira, por exemplo, tratam o segundo turno como um embate entre dois lados trágicos de uma mesma moeda. É como se Haddad fosse um candidato que flertasse com a ditadura do proletariado assim como Bolsonaro flerta com a ditadura militar. Dos grandes nomes da Globo, apenas Miriam Leitão colocou os pingos nos is, honrando seu passado de luta contra a ditadura militar: “Muita gente compara os dois, mas eles não são equivalentes. Jair Bolsonaro sempre teve um discurso autoritário. O PT tem grupos que apoiam a Venezuela, mas é um partido que nasceu, cresceu na democracia e sempre jogou o jogo democrático”. Como era de se esperar, o posicionamento da jornalista fez com que ela fosse atacada pelas milícias virtuais que apoiam Bolsonaro.

A democracia, mais uma vez, está à beira do precipício e não falta gente querendo empurrar. Nasceu um líder popular de extrema-direita no país que conquistou o apoio das igrejas evangélicas, do alto empresariado, do mercado financeiro, de parte relevante do judiciário e de setores da mídia. Só mesmo quem vive descolado da realidade ainda não percebeu que Bolsonaro governará no limite da irresponsabilidade democrática e que não hesitará em lançar mão de um golpe militar se considerar necessário. Está bastante claro que Haddad é a única opção possível para a democracia. Diante do quadro terrível que se avizinha, há quem ache razoável se manter neutro. A neutralidade virou o refúgio dos covardes. A história cobrará caro.

Postado em 21/10/2018 às 19:00