10/04/2019

Em 100 dias, a maior crise do governo Bolsonaro foi ele próprio

Foto: Carl de Souza / AFP
Nos 100 dias do governo Bolsonaro, o que se pode afirmar é que, na realidade, isto não é um governo.

Ao longo da campanha eleitoral, Bolsonaro recorreu a duas narrativas: o apelo social por ordem e segurança, e o antipetismo – inclusive unindo-as ao atribuir o caos econômico e social do País aos escândalos de corrupção do PT. Para transmitir suas narrativas, Bolsonaro usou as redes sociais intensamente, proferindo nelas inúmeras propostas de campanha e proliferando por elas fake news. Seus discursos e lives eram moldados pelos likes que seus posts recebiam e, assim, agraciavam a demanda popular, mas não se materializavam, de fato, em um programa coeso de governo.

Desta forma, bandeiras ao vento ganharam a eleição. Eleito, o problema passou a ser, então, como implementar um conjunto disperso de promessas ao mesmo tempo em que se necessitavam construir base parlamentar e manter o apoio popular vindo da eleição. Se isso já é difícil com um programa de governo, imagine-se quando o projeto eleito não era, na realidade, um projeto.

O resultado para o Brasil tem sido desastroso: tem-se um governo que não é governo, pautas de Bolsonaro que não são relevantes ao Brasil e a sensação de que a crise política, nesta altura já adulta, permanece.

Como a realidade de se governar é bem diferente daquela da eleição, a população reconhece o desgoverno e Bolsonaro tem perdido popularidade rapidamente – mantêm-se fiéis apenas os eleitores que acreditam nas suposições irrealistas do presidente, por exemplo, a de que o Brasil vive uma espécie de cubanização ou venezualização.

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Por Alderi Dantas, 10/04/2019 às 20:10

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