27/09/2015

ARTIGO

RN unido pela transposição

Por Fátima BezerraSenadora da República

As obras de transposição do São Francisco representam um sonho de 150 anos dos nordestinos, que só durante o governo do ex-presidente Lula começou a ser concretizado. Tudo nessa obra é grande, mas como costuma dizer a presidenta Dilma Rousseff, o mais importante é que ela vai beneficiar diretamente 12 milhões de brasileiros e brasileiras em 390 municípios do Nordeste, que sofrem, de geração em geração, os efeitos da seca. As obras estão adiantadas: quase 80% delas já estão concluídas, e a intenção do governo é terminá-las até o final de 2016, o mais tardar no início de 2017. Parece pouco tempo, para quem esperou mais de um século, mas para aqueles que contam nos dedos os dias e meses que se passaram da última chuva é uma questão de sobrevivência.

Nesta segunda, 28, teremos a oportunidade de reforçar o apelo ao ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, para que seja dada prioridade à construção do canal que agilizará a chegada das águas do Velho Chico ao RN. Trata-se de um trecho pequeno, de apenas quatro quilômetros, que parte da Barragem de Caiçara e vai até a Barragem São José de Piranhas, na Paraíba, e que vai fazer com que haja perenização no Rio Piranhas-Açu, garantindo que a água não deixe de chegar aoRN.

Esse mesmo pleito já foi feito pelo governador Robinson Faria à própria presidenta Dilma, quando da inauguração dos 45 Km de canal do eixo norte do projeto de transposição, no mês de agosto, em Cabrobró (PE). Semana passada, em audiência que discutiu soluções para o desabastecimento dos municípios de Acari e Currais Novos, nossa bancada federal reforçou novamente o pedido junto ao ministro Gilberto Occhi.

O ministro participará da Audiência Pública que o nosso mandato propôs junto à Comissão de Acompanhamento das Obras da Transposição do Rio São Francisco e que ocorrerá na Assembleia Legislativa do RN. Lá, ele ouvirá nossas angústias, nossos pleitos, nossas esperanças.

A situação do Estado é gravíssima. Nossa população enfrenta a pior seca dos últimos 100 anos: 153 dos 167 municípios estão em situação de emergência em razão da estiagem prolongada. Destes, 122 são abastecidos por caminhões-pipa. Já estamos no quarto ano de seca, o que resultou em uma redução de quase 60% da produção agropecuária, quando comparada com anos de clima normal. Os prejuízos já chegam a quase 5 bilhões de reais. Nossos reservatórios estão praticamente esgotados.

Na região do Seridó e no oeste do estado, já podemos verificar até mesmo uma mudança na paisagem; reservatórios secaram; e a barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, a maior do estado, com capacidade para armazenar até 2 bilhões e 400 milhões de metros cúbicos de água, conta hoje com apenas 25% desse total. O açude Gargalheiras, há décadas garantindo o abastecimento de Acari e Currais Novos, secou - um triste retrato que encheu os olhos não só dos seridoenses, mas de todos nós, potiguares. Para nossa desolação, as previsões meteorológicas indicam que há grande probabilidade do fenômeno El Niño estar atuante ainda no início de 2016, o que é um forte indicativo de mais um ano de seca para o semiárido nordestino.

O Governo Federal tem se empenhado em garantir ao RN e aos demais estados nordestinos a continuidade de obras que - a longo prazo - amenizarão de maneira efetiva os períodos de estiagem. Estão assegurados os recursos para a continuidade das obras de Oiticica, no Seridó; da adutora de engate rápido que garantirá o abastecimento de Acari e Currais Novos; da adutora do Alto Oeste; de ações emergenciais; entre outras. Mas é preciso mais.

É necessário e urgente que o governo dê prioridade para a construção desse canal, que será de suma importância para o Rio Grande do Norte, pois não podemos esperar até o ano que vem. Uma obra de caráter estruturante, como a do Velho Chico, deve ser prioridade das prioridades.

Costumo dizer que a Transposição está para o RN e para o Nordeste, como a barragem de Oiticica está para o nosso Seridó. Assim como é fundamental assegurarmos a conclusão das estruturas que oferecerão uma segurança hídrica ao Estado é imprescindível garantirmos que aquela que é considera a obra-mãe, enfim, seja uma realidade para o Nordeste. E será, não tenho dúvida disso. Não vemos a hora de tornar realidade esse sonho há 150 anos acalentado, de não ter mais que medir os copos de água que nossos filhos podem tomar.

Postado em 27/09/2015 às 19:00

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